Somnifobia: o medo ao cair da noite

Nov 10, 2021 | PERTURBAÇOES DO SONO, TERRORES NOCTURNOS | 0 comments

Ainda que o título possa soar, e incluso possa até parecer uma frase dita por algum super-herói de banda desenhada, que apenas atua pelas noites, existe, sim, um medo noturno que está longe de ser ficção. Falamos da somnifobia, um dos transtornos mais peculiares e silenciados que existem. A meio caminho entre a insónia e o puro transtorno psicológico, a também chamada oneirofobia, clinofobia ou hipnofobia, define-se como o medo excessivo, irracional e pouco saudável ante o ato de dormir.

Em que consiste a somnifobia?

Com a normalização dos problemas psicológicos, e o maior foco que por fim temos dado à ansiedade ou à depressão, os seres humanos caíram agora no polo oposto. Porque se antigamente silenciávamos os transtornos mentais, agora temos a tendência a autodiagnosticar-nos, e soltar frases como “é que eu sou bipolar”, ou “de certeza que tenho défice de atenção”. Tudo isso é dito, sem ter consultado previamente algum especialista médico.

Se nos cingirmos apenas às fobias (os transtornos de ansiedade, caracterizados por medos irracionais e exagerados a situações, objetos, coisas, lugares ou pessoas), os psicólogos costumam dar-lhes veracidade quando afetam o dia a dia das pessoas. Por exemplo, uma fobia às aranhas será tal, quando o medo aos aracnídeos influa nas suas atividades, relações, ou incluso no trabalho.

Ainda que desde um prisma mais biológico, as fobias sejam estipuladas como úteis para a sobrevivência (ativam o nosso estado de alarme), a sua extrapolação e relação com funções vitais, como o sono, acabam por transformá-las em verdadeiros problemas.

Seguindo com as fobias, existe uma conhecida como somnifobia, que se define pelo medo irracional e excessivo a dormir. Quer dizer, aquele que sofre com este problema vê-se afetado por um pânico, que o ataca durante o sono. Segundo contam especialistas na matéria, os afetados por somnifobia costumam relacionar o dormir, com a morte, provocando assim uma insónia voluntária. Basicamente, e para pôr um exemplo cinéfilo, os personagens de ‘Pesadelo em Elm Street’ estariam afetados por ela.

Tal como sucede com todas as fobias, aqueles que padecem de somnifobia são conscientes do seu transtorno. Mas, infelizmente, são incapazes de vencer os seus próprios medos, até ao ponto de se obrigar a uma insónia voluntária e noites de vigília, que derivam em deterioração física e mental.

Os somnifóbicos costumam padecer de stress e ansiedade, sofrendo também problemas de âmbito social, laboral e familiar.

Somnifobia: o medo ao cair da noite

Causas e sintomas da somnifobia

Se a própria somnifobia é um transtorno pouco conhecido, as suas causas são ainda menos. O que, sim, se há podido determinar, são duas vias diferenciadas, que poderiam considerar-se origens. Por um lado, encontramos motivos mais físicos. Neste ponto, encontraríamos outros transtornos relacionados com a higiene do sono, como o bruxismo, síndrome das pernas inquietas, e doenças que giram em torno de dificuldades de respiração.

A fobia a dormir, no entanto, parece encontrar maiores motivos em transtornos emocionais e de índole psicológico. Desde ter experimentado vivências traumáticas, como acidentes, mortes ou enfermidades, a transtornos de ansiedade ou depressão, provocados por outras causas, e que ainda não foram atendidas. Incluso, ter sofrido terrores noturnos na infância.

A somnifobia, em geral, pode aparecer em qualquer tipo de idade e género, ainda que costume atacar em maior escala homens e mulheres em idade adulta. No que diz respeito aos seus sintomas mais repetidos e representativos, encontramos os seguintes:

– Sudação excessiva durante a noite.

– Problemas respiratórios, representados por respiração agitada, sensação de sufoco, e falta de ar.

– Ataques de ansiedade, e até ataques de pânico.

– Cansaço excessivo durante o dia, fruto de não ter dormido.

– Castigo, e enfraquecimento, do sistema imunológico.

– Irritabilidade, mudanças de humor, e problemas para se relacionar.

– Falta de memória.

– Dificuldades de atenção e concentração.

Pode-se combater o medo de dormir?

A terapia, no que diz respeito à somnifobia, caracteriza-se por uma máxima individualidade. Ou seja, não existem padrões gerais, que sirvam para ajudar um grupo numeroso. Como já pudemos ver, as suas causas são muito diversas, e ainda algo desconhecidas, mantendo muita relação com possíveis traumas do passado. Em definitivo, cada caso é distinto e, por isso, resulta vital uma terapia individualizada, que ajude a encontrar as causas do seu aparecimento e, portanto, um tratamento efetivo.